Vitória: Fernanda Montenegro não erra.
Medo e coragem devem andar lado a lado.
Vamos começar com detalhes gerais que você talvez veja em qualquer artigo ou review de alguém (e, se quiser, pode pular):
Um drama baseado em uma história real que começou a ser dirigido por Breno Silveira e continuado por Andrucha Waddington.
O olhar que ambos têm é um olhar que me deixou hipnotizada. A cada cena eram closes e pontos de vista totalmente diferentes um dos outros e que me faziam falar bem baixinho elogios constantes. Posso até mencionar as cenas que ela anda pela rua, a cena também dela entrando na casa de jogos, a cena na banheira, e tantas outras.
A atuação da Fernanda Montenegro é impecável como sempre e me deixou bem surpresa, de uma forma positiva, ver a atuação da Linn que achei boa.
Agora vamos para o que eu achei e já fica o meu aviso de spoiler pra você
Do começo ao fim, eu senti medo e ao mesmo tempo uma forte conexão.
Eu moro na periferia da capital cearense e amo meu bairro, mas já vivi alguns momentos que não são muito distantes do que se apresenta no filme. Como tiroteio, roubos, perseguições, pequenos bombardeios pra tomada de posse, assassinatos, corpos encontrados, pessoas usando drogas, crianças sendo cada vez mais afundadas dentro dessa realidade, o desprezo policial. E tudo isso me deixa triste quando fica escancarado na minha frente.
Pra mim, as cenas que mais ficaram fortes pra mim:
1. Todas as cenas de tiro, que inclusive tomei várias sustos junto com a Nina, mas, em especial, a cena que a bala atinge a parede dentro de casa.
2. Nina se escondendo dentro da banheira pra tentar se proteger e se tremendo de medo.
3. Toda a cena da atendente do mercado sendo morta.
4. A cena que o Marcinho fala pra Nina ir embora e ele guardando a arma.
Só achei o roteiro um pouco corrido, principalmente no final do filme. Mas também amei o detalhe da xícara quebrada, acredito que é um detalhe que não tá ali em vão. Percebi durante o filme que é um detalhe que acaba perpassando também no enredo principal. A xicará quebra no primeiro tiroteio do filme, vai sendo concertada aos poucos assim como vai sendo desenrolada a denúncia da Nina e toda a investigação, e mesmo concertada é vazada como o fim do acordo onde eles decidem “jogar a merda no ventilador” e fazer logo o que tem que ser feito. Fora que Nina tinha afeto pela pequena louça e se sentiu triste ao vê-la quebrada no chão, a última vez que ela sai de casa sem saber que nunca mais ia voltar, lá estava a xícara só com o resto de café derramado sobre a mesa.
Por fim, Vitória é coragem. Enquanto ninguém falava nada, ela foi a que deu voz à justiça.